Fortunato Loulé
Fortunato Loulé tinha 14 anos quando construiu, juntamente com uma irmã, um pombal junto à casa onde vivia com a família, em Póvoa de Santa Iria. Já lá vão mais de 50 anos e a paixão pela columbofilia continua intacta. Fortunato, ou Nato, como prefere ser tratado, é um columbófilo a tempo inteiro. Tendo trabalhado alguns anos na Phillips Portugal, Nato foi forçado a reformar-se por invalidez em 1984, na sequência de um acidente de viação que lhe deixou mazelas até hoje. Se antes de se reformar os pombos já ocupavam uma parte significativa do seu tempo livre, após a reforma passaram a ser a sua ocupação principal.
Quando se mudou para a Granja, uma aldeia no concelho de Vila Franca de Xira, Nato construiu um pombal onde passa a maior parte dos seus dias. Pintado com cores garridas e decorado com elementos carinhosamente escolhidos, o pombal de Fortunato Loulé é uma espécie de centro de alto rendimento para pombos-correios. “Todos os anos tenho um pombo ou dois que ganham a anilha de bronze, prata ou ouro no distrito de Lisboa”, diz Nato, com orgulho indisfarçável. O método da viuvez, que consiste basicamente em separar os machos das fêmeas, para lhes estimular o desejo de estarem juntos, em muito contribuiu para estes êxitos. Depois é preciso promover o acasalamento entre campeões para apurar a raça, criar e treinar os borrachos, tratar da higiene, alimentação e suplementação. Os pombos-correios de Fortunato Loulé são criados e treinados desde o nascimento com um tratamento digno de atletas de alta competição. Só assim é possível ter pombos capazes de voar 1000 km no mesmo dia e atingir velocidades na ordem dos 130 km/h.
Prestes a completar 66 anos, Nato não pensa deixar de fazer aquilo que melhor sabe: criar e adestrar pombos-correios. Uma coisa é garantida: enquanto a bandeira do Benfica estiver desfraldada à entrada do seu pombal, os seus pombos estarão a voar nos céus da Granja, a treinar para um dia serem campeões.