Manuel Ribeiro

Nascido em Baião, Manuel Ribeiro cresceu numa quinta no concelho de Amarante, onde o seu pai trabalhava como caseiro. A subsistência da família dependia dos rendimentos das colheitas de milho e feijão, os quais eram divididos “a meias” entre o caseiro e o proprietário da quinta. “Nos anos mais fracos, era trabalhar para aquecer”, diz Manuel, reconhecendo que chegou a passar fome, apesar dos esforços dos pais para alimentar os oito filhos. Tinha 15 anos quando o seu irmão mais velho, Joaquim, regressou da Guerra Colonial em Angola e, em vez de se estabelecer na região onde cresceram, mudou-se para Lisboa em busca de melhores condições de vida. Manuel decidiu seguir os passos do irmão e, após pedir dinheiro para o bilhete a uma pessoa amiga, embarcou sozinho no comboio rumo a Lisboa.

Os primeiros tempos foram muito difíceis. Além de Joaquim, também uma outra irmã de Manuel se havia mudado para a Póvoa de Santa Iria, mas nem um nem outro tinham espaço nas suas modestas casas para acolher dignamente Manuel. “Tive semanas a dormir num divã onde mal me podia mexer”. Um dia, quando já trabalhava na construção civil e recebia um ordenado fixo, tomou uma decisão de que se arrepende. As saudades da mãe falaram mais alto e regressou à sua terra. “A vida era pobre em todo o lado, mas aqui vivia-se melhor porque havia mais obras, fábricas…”, diz Manuel. A mudança para a aldeia acabou por se revelar um retrocesso do ponto de vista profissional e económico, mas um avanço do ponto de vista emocional e relacional. Foi num bailarico de aldeia que conheceu aquela que viria a tornar-se sua esposa. Aos 18 anos casou-se e nos três anos seguintes teve três filhos. No entanto, as condições de vida precárias da família levaram a que Manuel aceitasse sem hesitações a proposta apresentada pelo irmão Joaquim: trabalho e casa na Granja, uma povoação da freguesia de Vialonga, no concelho de Vila Franca de Xira. Foi trabalhar para uma fábrica de manilhas e, ao fim de algum tempo, reuniu as condições para trazer a família para junto de si.

Oito anos volvidos, surgiu a oportunidade de comprar uma quinta de cinco hectares nas imediações da Granja. Com o apoio do irmão mais velho, que esteve sempre presente quando Manuel mais precisou, avançou para a compra daquilo que considera ser o seu “totoloto”. Porém, este “totoloto” não é fruto de um golpe de sorte, mas sim de mais de 30 anos de trabalho árduo.

Tendo sido camionista de longo curso durante muitos anos, o que o obrigava a ficar longos períodos longe de casa, Manuel Ribeiro nunca deixou de ter gado e trabalhar as suas terras. Há cerca de sete anos, decidiu abandonar a camionagem e dedicar-se exclusivamente à gestão da sua quinta. Galinhas, patos, coelhos, vacas, porcos, cães, uma égua e muitas cabras são algumas das espécies que compõem a lista de animais da quinta de Manuel Ribeiro. Alimentar e cuidar deles, seja para fins comerciais ou simplesmente para consumo próprio, é o seu trabalho. “Levanto-me todos os dias às 5h30 e deito-me por volta das 23h. Mas uma coisa é certa, aqui não falta nada”, diz Manuel Ribeiro com orgulho.

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